sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Cotidiano De Um Suburbano

De que lado você está
De que lado está você
Do facista armado,
Ou do dito corrupto pt?

Nesta terra existem leis
Que proíbem a reprodução do meu ditado
Melhor seria um gênio livre
Do que um analfabeto armado

O que adianta arma em punho,
Se não existir educação?
Idoso levando facada nas ruas
E o estopim foi a porcaria de uma eleição

De livro em punhos, de vento em polpa
Embarco no busão de Rosa Parks
Pra não dizer que não falei das flores
Oxalá afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue
As ruas vão sendo pintadas
Num sol de quase dezembro
Juventude na rua querendo justiça com a cara pintada

Ah, mas só eu que sou vil
Nessa terra de santos sem pecados
Por eu não aceitar o seu canto varonil
Que não passa de veleidades

E nessa estranha madrugada
Vou seguindo sem sono
Cantando hossanas a Cristo
Cuidado que na próxima vão querer até seu trono

terça-feira, 27 de março de 2018

Sobre a Vida e Sob a Morte

Fusion com o Poeta Marcio Ricardo


Conte-me suas angústias
Destila aqui sua poesia
Nesse espaço que pode ser o rio da alma
Nessa noite escura e talvez sombria

Fala-me de onde veio
E quais suas pretensões de futuro
A vida é gota d'água
Nesse oceano que é o mundo

E apesar de pequenos
Nossa importância é tamanha
Nas diferenças da vida me embebedo
Sem com a vida fazer barganha

A vida é grito
Até em meio ao silêncio
As vezes tenso
Outra imenso

Nesse jogo me jogo
Com uma única ficha
Ultrapasso a faixa
No meu eu faço faxina

E nesse vasto me visto
E o que eu vejo a olho nu
Machuca e eu insisto
Em correr entre todas as zonas e a minha Sul

No céu vejo sal
Que cai como gota sem chuva
De tanta saudade que sinto
Vendo estrelas que faltam nas ruas

A vida é poesia
Abraço, interlúdio
A morte ressuscita a escrita
De quem já viveu nesse mundo

Peu Ricardo
Márcio Henrique
É poesia mas, se fosse música
Nem precisaria de beat

Só os bumbos do coração já bastariam

Repito no verso
A vida é vasta
Vou seguindo minhas trilhas
Estar vivo me basta

Da morte também faço assunto
Por estes caminhos já trilhei
Eterno passageiro da terra dos pés juntos
Mas te digo que da vida não me cansei

As vezes eu rimo
Mesmo sem ter palavra rimada
A poesia dos meus versos
Corta pescoço feito espada

Samurai Shaolin
Vagabundo alado
A vida tem sido boa pra mim
Dos meus sonhos eu vivo armado

E quando me junto
Com este menino bom
Faço sempre poesia
Você chama no beat e mete som

É Felicidade Brasileira
É Papelzinho no Chão
Mudo a Estação de Rádio
Raízes é beat monstrão

E de você eu conheço
O que mais se tem de bom
E vamos vivendo a vida
Seguindo como irmãos

terça-feira, 20 de março de 2018

Velha Infância

Meu sonho dos anos 80
Quem diria
Viver em uma casa que fosse
De alvenaria

De ter comida no prato
E não dormir de barriga vazia
Descalço em uma rua sem nem asfalto
Se virando com o que podia

Quando se é moleque se sonha longe
Era foda ver um mundo perfeito
Tão distante

Essa situação me deixava inquieto
O mais foda foi entrar em casa
E ver cair o teto
                                                             
Mesmo com tudo limpo e organizado
Tinha que dividir minha comida
Com um monte de barata e rato

E quando chovia então
Você não faz ideia
Minha mãe correndo pela casa
Com um monte de panela

Era então sua oração
Que sempre me confortava
Calma filho Deus nos livra e guarda

Meu pai sempre foi pra mim
Um nobre guerreiro
Foi a pé da Moraes a São Bernardo
Pra ver se levantava um dinheiro

Eu fico feliz que meus irmãos
Não entraram em uma errada
E esses momentos de nossa vida
São uma página virada

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

A Sinfonia da Saudade

A saudade veio me visitar
Encheu o meu peito com vontade
Com requintes de crueldade
Cantando a sinfonia da maldade

E eu canto hossanas pedindo que Deus me guarde
Não aguento e grito que o que eu sinto é de verdade
No desespero apelo pra todas entidades     
                                                     
Se nao fosse os perigos dos rios Estige e Aqueronte     
Eu não precisaria da ajuda de Caronte
E aquele abraço prometido teria te dado ontem

Percorro e corro pelos caminhos escuros e escusos do infinito
Se eu contar vão dizer que minto 
Não tenho medo de me perder nesse labirinto
Vou tirando forças da saudade que sinto

Sei que não posso te encontrar no limbo
Começo uma nova prece pra ver se me santifico
As estrelas do mundo vivem em outros recintos

Poesia, sinfonias de Orfeu
Sempre me aproximando dos meus
Mas estou cansado, entendeu       
Vou me deitando, nos braços de Morfeu

domingo, 24 de setembro de 2017

Pelas Ruas Que Andei

Pelas Ruas Que Andei

Era noite escura pelas ruas ermas
Despida de gente, luz e proteção
E você ali, por mais que não queira
Sentiria o palpitar do coração

Aviso recebera
Ouvia em sua cabeça a intuição
Talvez não percebera
Mas a adrenalina fez suar suas mãos

Como pode ser tão vil
Correr de moto pelas ruas da favela
De arma em punho dizia
Passa o celular, já era

Como se não fosse ali o outro também pobre
Dos que acordam às 5h da matina
Vendendo até fio de cobre
Para com dignidade sustentar sua família

Não quis saber se lhe faltava o feijão
Talvez não tivesse nem mesmo água
Apenas dizia o ladrão
Me passa a carteira e vaza

Pensou enquanto gritava,
Que a vida tinha lhe sido dura
Mas e o trabalhador de calos nas mãos
Não sofreu das mesmas amarguras?

Frio e fome, pobreza e descaso
Para os dois a vida reservou as mesmas dificuldades
Um preferiu tomar de assalto
O outro conquistou a faculdade

Ninguém é melhor que ninguém
Lições que a vida nos ensina
Seria melhor se unir como irmãos
Independente de condição social e melanina